Vendo posts com a tag poder |
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Homens confinados, espaços marcados
Por Gisele Victor Batista e Luiz Fernando Scheibe
Publicado em: 2003
A Penitenciária Pública de Florianópolis foi inaugurada em 1930, como um instrumento higienicista. Atualmente ela abriga cerca de mil presos, divididos entre Presídio Masculino, Presídio Feminino, Ala de Segurança Máxima e o Hospital de Custódia. Apesar de cada ambiente ser constantemente policiado, estabelece-se, paralelamente ao poder carcerário, uma organização interna entre os detentos. As leis que regem os detentos estão além daquelas dos que os julgaram e isso só enfatiza a importância do espaço enquanto instrumento de exercício de poder.
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Prisão: a expressão de uma violência difusa
Por Miriam Krenzinger A. Guindani
Publicado em: 2000
A crise no sistema prisional brasileiro articula-se à rede de relações de uma violência difusa que vem emergindo na organização da sociedade global. A apreensão desta realidade, que de imediato aparece obscura e ambígua, depende da constituição de um novo olhar sobre o fenômeno prisão. Isto é, de instaurar uma perspectiva teórica que possibilite tensionar as diferentes manifestações de violência que vêm se produzindo e reproduzindo nesse espaço institucional.
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Lugares, discursos e subjetividades nas organizações: o caso de uma prisão
Por Clara Luísa Oliveira Silva e Luiz Alex Silva Saraiva
Publicado em: 2013
Esse artigo analisa a relação dos elementos concretos e/ou simbólicos do(s) lugar(es) que os sujeitos ocupam na organização com os aspectos relacionados ao modo como eles produzem sentidos sobre si e sobre suas relações sociais. O(s) lugar(es) na organização, além de referência física, se referem a uma construção social relacionada a uma condição formal, a artefatos e a significações. Ajustar-se ao contexto organizacional corresponde a um tipo de contrapartida pela segurança proporcionada, e algo que se deve agradecer, um tipo de doutrinamento que aproxima as prisões das demais organizações.
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Junto e misturado: imanência e transcendência no PCC
Por Karina Biondi
Publicado em: 2009
Este trabalho aborda o modo de funcionamento do PCC a partir da descrição de diversos planos por meio dos quais sua política é operada. Um deste planos refere-se ao PCC como uma força transcendente. O PCC sofreu profundas transformações com a adição da "igualdade" aos seus "ideais". Esta incorporação implicou formações e supressões de focos de poder, ao lado de construções e dissoluções simultâneas de hierarquia. Diversos mecanismos e estratégias passaram a ser acionados para a construção de um "Comando" entre "iguais" instaurando tensões em toda sua dimensão política.
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A violência simbólica e a prisão contemporânea
Por Miriam Krenzinger A. Guindani
Publicado em: 2016
Busca-se, no presente estudo, restituir o que normalmente é negligenciado nas diferentes análises da pena privativa de liberdade, a voz dos atores envolvidos diretamente com a prisão. Acredita-se que é através da linguagem, das idéias, enfim, da cultura, que se expressam as diversas mentalidades, sensibilidade e emoções que conseqüentemente dão vida e sentido às organizações prisionais.
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Disciplina, controle social e punição: o entrecruzamento das redes de poder no espaço prisional
Por Camila Nunes Dias
Publicado em: 2016
Considerando a instituição prisional a partir da ótica da punição, o principal objetivo deste texto é analisar as relações
sociais estabelecidas entre presos e funcionários, enfatizando aos conflitos e as tensões que emergem da interação cotidiana entre esses grupos. Os procedimentos de sindicância de duas unidades prisionais de São Paulo, instaurados entre 1998 e 2008, constituem a base empírica para esta abordagem da dinâmica das práticas punitivas na prisão. São analisados os efeitos da punitividade na demarcação de assimetrias e hierarquias, as distorções provocadas pela justaposição de dispositivos disciplinares, os mecanismos de controle e os procedimentos punitivos, bem como a centralidade da punição no entrecruzamento das múltiplas redes de poder que operam no universo prisional. -
Da pulverização ao monopólio da violência: expansão e consolidação do Primeiro Comando da Capital (PCC) no sistema carcerário paulista
Por Camila Nunes Dias
Publicado em: 2016
O presente trabalho visa compreender o processo de expansão e consolidação do Primeiro Comando da Capital (PCC) no sistema prisional paulista e a figuração social que se constituiu nas prisões como resultado da monopolização das oportunidades de poder pelo PCC. Para tanto, conceitos e concepções teóricas de Norbert Elias são utilizados como ferramentas analíticas para o tratamento do material empírico colhido a partir de fontes diversas. O trabalho é composto por dois eixos de análise: eixo horizontal/processual e eixo vertical/figuracional. A nova figuração social produzida a partir da hegemonia do PCC é constituída por uma teia de interdependência individual mais longa e complexa, com uma maior divisão funcional e integração social entre os seus componentes. Diante desta nova forma de dependência, os controles sociais sobre o comportamento individual foram ampliados e centralizados na posição ocupada pelo PCC. Uma reflexão que perpassa todo o trabalho e que é desenvolvida no capítulo final coloca em discussão a pacificação social que é vista
como o efeito mais expressivo do processo de consolidação do poder do PCC. Neste sentido, a fragilidade deste processo é apontada a partir da sua natureza conjuntural e das bases precárias nas quais está apoiado o poder hegemônico do PCC. -
Cronologia dos "ataques de 2006" e a nova configuração de poder nas prisões na última década
Por Sérgio Adorno e Camila Nunes Dias
Publicado em: 2016
O presente texto tem como objetivo reconstituir a cronologia dos “Ataques de 2006” a partir da sua divisão em quatro partes, correspondentes aos momentos em que eles ocorrem, e, em seguida, propor algumas reflexões sobre as mudanças sociais e políticas registradas nas prisões paulistas ao final deste período. O argumento central é que o evento que ficou nacionalmente conhecido como “Ataques do Primeiro Comando da Capital – PCC” não implicou ganhos para a organização e trouxe importantes prejuízos políticos para o governo estadual.